domingo, 15 de fevereiro de 2015

BATALHA ESPIRITUAL X MALDIÇÃO

Sempre que travamos uma batalha, buscamos encontrar respostas para essas lutas, e quando estamos nesta situação muitas vezes, em nosso pensamento vem o questionamento que se isso é por alguma maldição dos nossos antepassados.
Ao iniciar este estudo sobre BATALHA ESPIRITUAL e MALDIÇÃO HEREDITÁRIA, já havia conversado com algumas pessoas e lido algumas referências sobre o tema, mas pedi para que o Espírito Santo de Deus me conduzisse de maneira que eu pudesse entender e relatar aqui minhas percepções e que servisse de orientação para aqueles que buscam a verdade na palavra do Senhor.
Será que os problemas relacionados com alcoolismo, pornografia, adultério, problemas emocionais (depressão, tristeza, nervosismo), divórcio, problemas de saúde (diabetes, câncer) e outros estão ligados por antepassados que viveram essas situações ou praticou aquele pecado que transmitiu estas maldições para um de seus descendentes?
Encontrei uma referência, citada por uma norte americana, Marilyn Hickey, que já realizou algumas conferências aqui no Brasil pela Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno (Adhonep), que diz assim: “Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingida pelo diabo através das maldições de geração. Os pecados dos pais podem passar de uma a outra geração, e assim consecutivamente. Há na sua família casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são algumas das características que fazem parte da maldição hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!”(1)
Ao analisar a árvore genealógica de nossas famílias, pude perceber que os problemas que foram mencionados no segundo parágrafo, já acometeram um dos nossos entes queridos, e se formos buscar mais informações, acredito que toda nossa antecedência foi acometida por uma situação semelhante. Lembrando que alguns desses problemas são chamados de PECADO praticado pela nossa própria natureza humana. A verdade de tudo isso, são distorções doutrinárias difundidas entre o povo de Deus para se eximir dos seus próprios pecados achando que é maldição familiar ou hereditária. É claro que se os filhos repetem os pecados de seus pais tem toda a possibilidade de colher o que eles plantaram. Os pais que vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será seguido por seus filhos, pois ―aquilo que o homem semear, isso também ceifará‖ (Gl 6:7).
Isso poderá suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus e entre num relacionamento de amor com ele através de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é a manifestação da sua ira. Note que, no final do versículo cinco do capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se passa com o cristão. A Bíblia ensina uma responsabilidade individual pelo pecado, como pode ser observado no livro do profeta Ezequiel: “Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:1-4). Seria o mesmo que afirmar nos dias atuais: os pais comeram chocolate e os dentes dos filhos criaram carie.
O capítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado um costume em Israel colocar a culpa dos fracassos pessoais nos antepassados ou em outros. Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim do Éden, quando, por ocasião da Queda, o homem colocou a culpa na mulher e a mulher na serpente. Parece ser próprio do ser humano não admitir seus erros, buscando evasivas para não tratá-los de forma responsável à luz da Palavra de Deus. Infelizmente, alguns acham mais fácil culpar os antepassados do que enfrentar suas tentações. O ensino da maldição de família mais escraviza do que liberta. Até crentes que há vários anos viviam alegres, evangelizando, servindo ao Senhor e dando frutos, agora estão preocupados, deprimidos, pensando que talvez as tentações, as dificuldades e lutas pelas quais estão passando sejam de fato reflexo de pecados ou do comportamento dos seus ancestrais. Ora, todo cristão é tentado, de uma forma ou de outra, uns mais, outros menos. Se um cristão enfrenta problemas em relação à pornografia, ao alcoolismo, ao adultério, à depressão ou a qualquer outro aspecto ligado às tentações, os métodos para vencer tais lutas devem ser bíblicos.
O caminho para a vitória tem muito mais a ver com a doutrina da santificação, com o cultivo da vida espiritual através da oração, do jejum, da comunhão saudável numa determinada parte do Corpo de Cristo e do contato constante com a Palavra de Deus. O ensino da quebra de maldições hereditárias aparece como um atalho mágico e ilusório para substituir a doutrina da santificação, que é um processo indispensável a ser desenvolvido pelo Espírito Santo na vida do cristão, exigindo dele autodisciplina e perseverança na fé.
Nesta batalha espiritual devemos encontrar o equilíbrio bíblico. A bíblia nos instrui que nossa batalha é contra forças espirituais que nos leva a cometer pecado. Assim como Jesus, algumas vezes, expulsou demônios das pessoas, e algumas vezes, curou pessoas sem mencionar o ―demoníaco‖. O Apóstolo Paulo instrui os cristãos a começar a luta contra o pecado dentro de si mesmos (Romanos 6), e contra o diabo. (Efésios 6:10-18).
Efésios 6:10-12 declara: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Este texto nos ensina algumas verdades cruciais:
1. Podemos ser fortes apenas no poder do Senhor;
2. É a armadura de Deus que nos protege;
3. Nossa batalha é contra forças espirituais do mal presentes no mundo.
Um forte exemplo é o arcanjo Miguel em Judas 1:9. Miguel, provavelmente o mais poderoso de todos os anjos de Deus, não repreendeu Satanás em seu próprio poder, mas disse: “O Senhor te repreenda.” Apocalipse 12:7-8 registra que no fim dos tempos, Miguel vencerá Satanás, Ainda assim, quando se trata de seu conflito com Satanás, Miguel o repreendeu no nome e autoridade de Deus, e não de si mesmo. É somente através de nosso relacionamento com Jesus Cristo que nós, como cristãos, temos qualquer autoridade sobre Satanás e seus demônios. É somente em Seu nome que nossa repreensão tem algum poder. Efésios 6:13-18 nos dá uma descrição da armadura espiritual que Deus nos dá. Devemos resistir firmes com:

  • O cinturão da verdade;
  • A couraça da justiça;
  • O evangelho da paz;
  • O escudo da fé;
  • O capacete da salvação;
  • A espada do Espírito;
  • Oração no Espírito.
O que estas peças da armadura espiritual representam para nós em nossa batalha espiritual? Devemos falar a verdade contra as mentiras de Satanás. Devemos descansar no fato de que somos declarados justos por causa do sacrifício de Cristo por nós. Devemos proclamar o Evangelho, não importa quanta resistência recebamos. Não devemos vacilar em nossa fé, não importa o quão fortemente sejamos atacados. Nossa última defesa é a certeza que temos de nossa salvação, e o fato de que as forças espirituais não podem arrancá-la. Nossa arma de ataque deve ser a Palavra de Deus, não nossas próprias opiniões e sentimentos. Devemos seguir o exemplo de Jesus em reconhecer que algumas vitórias espirituais são possíveis somente através da oração. Jesus é nosso principal exemplo para a batalha espiritual. Observe como Jesus lidou com os ataques diretos de Satanás: “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará
ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam” (Mateus 4:1-11).
A melhor maneira de combater Satanás é como Jesus nos mostrou, ou seja, citar as Escrituras, pois o diabo não pode contra a espada de Espírito, a Palavra do Deus Vivo. Alguns passos para nos libertar dessas fortalezas pecaminosas:

  1. Reconhecer nosso pecado. Para se libertar e ficar livre devemos reconhecer os nossos pecados e confessá-los diante de Deus, parece simples, mas as vezes vivemos trancados em nossas emoções vivendo em um tempo de negação. Não importa o que aconteceu o importante é tomar a decisão correta para sermos livres da natureza pecaminosa e saber que o Senhor é misericordioso para nos perdoar.
  2. Quebrar qualquer tipo de julgo. Ao aplicar a Palavra e o poder de Deus em nossas vidas e a forma de como nós escolhemos a andar em retidão e obediência a Deus, as cadeias da servidão serão quebradas. O sangue de Jesus remove os nossos pecados. Utilizemos das armas espirituais (com a Palavra e a armadura de Deus). Vamos dizer NÃO ao PECADO.
  3. Liberar perdão. Perdoar as pessoas que nos magoaram. A mágoa é uma forte semente de satanás que nos prende no mundo espiritual. Vamos tratar as causas e não os sintomas (por exemplo, insegurança, ciúme ou medo). Estes sintomas geralmente estão ligados a um trauma sofrido e não resolvido em nossas vidas.
  4. Liberar o poder do amor. Devemos nos tornar pessoas cujas vidas são transformadas pelo amor de Deus, não devemos apenas se livrar do que nos mantém cativos e nos mantém em cativeiro, mas também devemos ser preenchidos e preencher com amor – por Deus, por você e para os outros. O amor incondicional vai lançar bênçãos. Para saber mais sobre o amor de Deus em sua vida, ame aqueles que o magoaram, aqueles que se opuseram a você e aqueles que pecaram contra você.
  5. Ter boas atitudes. Uma boa atitude não faz tudo ir perfeitamente o tempo todo. (Mateus 5:45) nos diz que Deus envia a chuva sobre justos e injustos. Mas a nossa atitude determina se a chuva vai regar as sementes da nossa colheita ou lavar as sementes para longe. Leve a sério sua caminhada com Deus, tenha atitudes alinhadas com a Sua Palavra, tenha fé e confie Nele.
  6. Alinhar suas palavras com as palavras de Deus. Suas palavras dão provas da sua fé, elas devem refletir bons propósitos de Deus para você. Mude suas palavras negativas para palavras positivas, troque seus pensamentos negativos por pensamentos positivos, e transforme suas ações negativas em ações positivas. São nossas ações que irão definir o tamanho de nossa fé em Deus. (Tg 2:18).
  7. Aceitar a liberdade que Deus te oferece. Jesus não veio para nos condenar ou punir-nos. Ele veio para dar-nos a esperança de que a nossa vida realmente pode ser diferente. Nós não temos que viver sob o peso da dor, vergonha ou tristeza. Todo o poder no céu está disponível para você para te libertar de todas as cadeias espirituais que ligam você ao inimigo. Corrie ten Boom disse: “Não há nenhum poço tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo".(2)
  8. Andar em obediência. Para se libertar das ―maldições‖ e caminhar em liberdade, você precisa aprender a andar em obediência aos caminhos de Deus. Não tem que ser perfeito ou sem erros, mas nosso coração precisa ser entregue e flexível para com Deus. Precisamos avançar nas coisas de Deus todos os dias de nossas vidas. Decisões de hoje determinam nosso futuro.
 Resumindo: para o sucesso na batalha espiritual primeiro devemos confiar no poder de Deus, não em nosso próprio. Segundo, repreender no Nome de Jesus, não em nosso próprio nome. Terceiro, devemos nos proteger com a completa armadura de Deus. Quarto, nos engajar na guerra com a espada do Espírito: a Palavra de Deus. Por último, devemos nos lembrar que mesmo estando na batalha espiritual contra Satanás e seus demônios, nem todo o pecado ou problema é um demônio que deva ser repreendido. “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Romanos 8:37). Diante deste estudo proponho para que iniciemos uma jornada de 40 dias de jejum e oração, para que possamos alcançar o mais alto nível de intimidade com Deus. Assim estaremos praticando a palavra do evangelista Mateus 6:33, ―Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

ANA CRISTINA ALVES RODRIGUES MANENTE
(1) Marilyn Hickey (nascida em 01 de julho de 1931) é uma cristã americana ministra da televisão cristã televangelista e personalidade que ensina Bíblia estudos tanto nacional como internacionalmente.
(2) Cornelia Johanna Arnolda ten Boom, conhecida como Corrie ten Boom (Amsterdam, 15 de abril de 1892 — Placentia, 15 de abril de 1983) foi uma escritora e resistente holandesa que ajudou a salvar a vida de muitos judeus ao escondê-los dos nazistas durante a II Guerra Mundial. Ten Boom registrou sua autobiografia no livro O Refúgio Secreto, que posteriormente foi adaptado para o cinema em um filme com o mesmo nome. Em dezembro de 1967, Ten Boom foi honrada com a inclusão de seu nome nos "Justos entre as Nações" pelo Estado de Israel.